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Anima

Existe uma menina onde meu coração é doce.
Voz marítima selvagem eu guardo
o hálito da vítima o branco vestido e o traço
do rosto dramático, dela
do outro
e do meu um pedaço.

São colinas os cavalos
e todas as lagoas envenenadas de lua e sangue.
Eu quero morrer, como tenho medo
quero morrer me conhecendo como um touro indomável
Entre espadas e toureiro.
O meu destino partiu no expresso do meio-dia
e o meu consolo é amante da poesia.
Solitária atrás do muro a menina me acena e foge.
Seu nome escrito ninguém sabe
porque mente com o sentimento e a verdade.

Quando ela me deitar entre auroras
E começar o martírio da ausência     eu
Serei apenas o sábio que chora         eu
Serei apenas o resto da madrugada     eu
Serei infecundo e o sapo que salta entre o inverno
e a demora de nada.

– José Carlos Capinan – “Anima”


Anima

(…)

Eu queria ser demente na varanda de meu pai
Mijar as flores, sorrir da lua como um louco
ou um cavalo
E não saber a quem ponho fogo a quem recebo a quem falo
E não saber que adormeço
E não ter entre acordado e dormido os intervalos do sonho
Sonhar sempre sem intervalo.

– Capinan


sereias

Quero te dar um vestido com um desenho que ainda não sei como será
Penso frutas, dragões, sereias
Fantasias que nem ainda sei bordar
Mas quero te dar um vestido, quem sabe de areia
Quem sabe de uma linha não se saiba coser
Penso te dar um vestido bordado de ambos os lados do querer
Nem quero te vestir
Nem quero que o vejas nem que o queiras talvez
Quero te dar um vestido que a minha alma deseja

– José Carlos Capinan